O rapaz chamava-se Vitor

Querias ir ao St. Patricks beber uma cerveja no dia em que ele é celebrado? Querias? 

Querias ir ver se eles tinham cerveja verde a condizer com os trevos da Irlanda? 

Querias mas não vais.

Este devia ser o pensamento do universo nos minutos em que saí de casa, fechei a porta e comecei a caminhar para o carro do João. Chegada lá, toca de armar em esperta e ler recados que são deixados no vidro do carro dos outros: blá blá blá tem a roda de trás do lado do passageiro furado. Obviamente que me comecei a rir.

Ao fim de longos minutos à volta à procura de um sítio com luz eis que surge um parque de estacionamento. Tendo os dois tirado um curso de engenharia, aquilo não devia ser muito difícil (tão ingénuos que nós eramos). Ora essa senhor, ora essa... Toca a tirar a roda extra da mala e a chave que faz rodar os parafusos e aí vamos nós para a primeira de intermináveis tentativas. Para quem não sabe, trocar um peneu não é tão simples quanto as escolas de condução fazem parecer. Sabiam que os parafusos da roda têm coisas de plástico pretas por cima? E sabiam que é o fim do mundo tirá-las com uma chave de casa?

Passada essa tormenta era uma questão de força. Claro que o João, mariquinhas como às vezes ele é, repetia incessantemente ai-que-isto-me-vai-dar-cabo-das-costas. Trocando por miúdos, as intenções eram boas (atenção que nesta altura já eu estava de livro de instruções do carro aberto a dizer como é que se fazia) mas não havia força nem jeito. Eis que então passa um marmanjo da nossa idade com calças estranhas, que sabia palavras impressionantes como sextavos e que devia estar estar a fazer a boa acção do dia porque nos quis logo ajudar. A partir daí foi um instante.

Passando ao ponto que interessa, o peneu lá foi trocado, os agradecimentos ao rapaz feitos e nós fomos beber uma cerveja. Mas não ao St. Patricks - andámos às voltas e não conseguimos descobrir o sítio.